BOLETIM ENCOD SOBRE POLITICA DE DROGAS NA EUROPA
NR 72 FEVEREIRO 2011
O IMPERIALISMO OCIDENTAL DAS DROGAS
Nós vivemos numa época onde as drogas que são produzidos nos países ocidentais são permitidas, enquanto as drogas que são originárias de países não-ocidentais são proibidas. Álcool é anunciado como uma grande droga em todo o mundo, enquanto a publicidade e campanhas de marketing para o tabaco fazem com que todos esqueçam que o cancro de pulmão é uma das mais importantes causas de morte relacionadas com a droga.
A Saúde nunca teve nada a ver com as políticas de drogas. Os países ocidentais têm sido capazes de controlar a legislação global de tal forma que apenas as suas drogas devem ser legais e as drogas de diferentes países ou culturas devem ser proibidas. O álcool é a droga ocidental que causou maiores desastres na América, aonde comunidades locais foram completamente destruídas por esta “água de fogo “. Muitos tornaram-se viciados, continuaram bebendo o dia todo, mas as autoridades nunca decidiram controlar ou proibir na altura essa substância. Um século e meio atrás, as guerras do ópio foram travadas para obrigar os chineses a consumir o ópio das colónias britânicas na Índia.
Hoje em dia, as drogas são proibidas na sequência de um imperativo económico, para limitar a oferta e aumentar o preço. As organizações criminosas sabem muito bem como tirar proveito destas políticas ingénuas.
Este mês, fomos confrontados com a notícia de que vários países ocidentais fizeram uma reclamação contra a proposta pelo governo boliviano para acabar com a proibição do consumo tradicional da folha de coca. Estes países temem que se o povo boliviano for permitido a mastigar as folhas de coca, eles vão ter que parar a erradicação dos campos de coca. Mas por que não perseguem as indústrias que produzem produtos químicos como o permanganato de potássio ou outras substâncias que são fundamentais para a obtenção de cocaína a partir da folha de coca? Porque estas indústrias estão localizadas no mundo ocidental e não querem fazer com que estas percam dinheiro e enviem as pessoas para o desemprego.
O ataque à folha de coca é um acto de racismo e desrespeito às tradições culturais, crenças e religião. Os países ocidentais só entenderiam isso se vissem o seu vinho, as vinhas, ou campos de tabaco a serem fumigados por países estrangeiros.
Quando as drogas se tornaram proibidas, esta política parecia ser uma forma de controlar mentes criminosas e subversivas. Claro que não podemos dizer que a política é que coloca a droga na boca e nas veias das pessoas, mas assim que a proibição apareceu alguns espertalhões analisaram a situação e encontraram uma maneira de obter lucro e manipular o sistema.
Os países ocidentais apresentam-se como vítimas dos países produtores de drogas e dos traficantes de drogas que têm sido capazes de pular os muros bem altos e venderem drogas a pessoas inocentes.
Mas a verdade é muito diferente. Os países ocidentais são os criadores das convenções da Nações Unidas. Eles são os responsáveis pelo facto de os países produtores de drogas aplicarem a pena de morte por droga, porque estes sofreram inúmeras e fortíssimas pressões dos países ocidentais por não fazerem mais para impedir a exportação de drogas desde os seus países. Eles são responsáveis pelo “genocídio cultural”, as tentativas de destruir a cultura milenar da folha de coca, fazendo crer às pessoas que é mais fácil perseguir uma cultura ancestral na América do Sul, do que impedir que as empresas químicas euro-americanas percam dinheiro!
Talvez seja tempo para nós Activistas pararmos de lutar por uma determinada substância e lutar por uma “Nova Cultura de Drogas “. Poderíamos alegar pertencer a uma nova tribo que é uma minoria neste mundo, mas que existe em todos os países deste planeta, não uma tribo ligada por interesses religiosos ou económicos, mas uma tribo impulsionada pela cultura do idealismo e com certeza muito diferente da maioria, mas uma tribo que acredita no seu próprio estilo de vida e que lutará por isso até ao fim!
Por Jorge Roque